Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história (Hannah Arendt)

Dor emocional é uma experiência universal, mas lidar com ela nem sempre é simples. Muitas vezes, ela parece indizível, um peso que não conseguimos colocar em palavras. É aqui que entra o papel transformador da narrativa. Contar a própria história – mesmo que aos poucos – pode tornar o sofrimento mais compreensível e manejável. Como afirmou Hannah Arendt, “Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história”.

Psicólogo e Psicanalista: Facilitadores de Narrativas Terapêuticas

Os psicólogos e psicanalistas ajudam as pessoas a encontrar palavras para dores que, inicialmente, parecem impossíveis de descrever. Esses profissionais criam um espaço seguro onde a narrativa pode se desenvolver, permitindo que o paciente explore emoções complexas sem pressa ou pressão. A partir dessa escuta empática, a dor começa a se reorganizar, e o tratamento dessas dores se torna possível.

O Poder da Narração na Psicanálise

A psicanálise vê a narrativa como uma ferramenta essencial para acessar o campo do inconsciente. Quando colocamos em palavras o que sentimos, começamos a dar forma ao caos interno. Narrar não apaga a dor, mas nos permite vê-la sob novos ângulos, tornando-a menos esmagadora. É um processo contínuo de avanços e recuos, que exige paciência e confiança naquele que nos escuta. 

Por Que Nem Toda Dor Pode Ser Extinta?

Algumas dores – como traumas profundos ou perdas irreparáveis – nunca desaparecem completamente. No entanto, isso não significa que precisamos ser consumidos por elas. Em vez disso, aprender a conviver com a dor, integrando-a como parte de nossa história, pode trazer alívio, aceitação e a sua transformação. A terapia oferece ferramentas para suportar o indizível, sem que ele nos defina por completo. Frutos positivos e criativos podem nascer dessa dor, como por exemplo, melhores escolhas de vida. 

Transformar a Dor em Palavras: Um Processo Gradual

Narrar eventos traumáticos não é algo que acontece de uma vez. Em casos como abuso sexual ou a morte de um ente querido, a jornada é feita de pequenos passos. O processo terapêutico pode incluir momentos de progresso e de retrocesso, mas cada avanço contribui para o início de um ciclo de cicatrização emocional.

O Papel do Psicólogo no Manejo do Indizível

Muitas vezes, achamos que o simples fato de contar nossa dor já basta para extingui-la. Mas, na prática, a psicoterapia nos ensina que narrar é mais do que desabafar. É criar um espaço onde as palavras constroem sentidos e ressignificam vivências. Esse trabalho exige um profissional capacitado, que saiba como conduzir o paciente em um percurso seguro e respeitoso. Um processo que exige escuta especializada. 

Escudos Emocionais: Protegendo-se Sem Bloquear-se

Diante da dor, criamos defesas naturais para evitar o sofrimento. Esses escudos nos protegem, mas, quando usados em excesso, podem bloquear nosso acesso a emoções importantes. Durante a terapia, aprendemos a baixar essas defesas aos poucos, permitindo que a dor acumulada encontre um espaço para ser expressa e, eventualmente, transformada.

Explorar a Dor Como “Cirurgia da Alma”

Lidar com traumas na terapia é como realizar pequenas cirurgias na alma. Não é um processo fácil, mas é necessário. Explorar essas áreas dolorosas com cuidado pode trazer alívio e novos significados para o sofrimento. No entanto, isso só deve ser feito com um profissional em quem você confia.

Conclusão: A Dor Contada Não Desaparece, Mas Se Transforma

A narrativa terapêutica é uma poderosa ferramenta para lidar com a dor. Embora nem todas as feridas possam ser completamente curadas, elas podem ser integradas à nossa história de maneira que não nos definam. Buscar a ajuda de um psicólogo ou psicanalista é o primeiro passo para transformar o indizível em algo que pode ser suportado – e, mais importante, compreendido.

Hannah Arendt (1906 – 1975) foi uma importante filósofa política alemã de origem judaica que testemunhou os horrores do nazismo.

FAQs Sobre Narrativas Terapêuticas e Manejo da Dor

     

      1. Como um psicólogo pode ajudar a lidar com a dor?
        O psicólogo cria um espaço seguro para explorar emoções, ajudando a transformar a dor em algo compreensível e manejável. Ele oferece ferramentas para construir uma narrativa que alivia o peso do sofrimento.

      1. Narrar a dor realmente ajuda a reduzir o sofrimento?
        Sim, narrar ajuda a reorganizar pensamentos e emoções, tornando a dor menos caótica. Não elimina o sofrimento, mas cria novas formas de lidar com ele.

      1. Por que revivemos dores antigas durante a terapia?
        A terapia permite acessar memórias e emoções que estavam reprimidas. Reviver essas dores é parte do processo de tratamento dessas dores, ajudando a liberá-las  e entendê-las gradualmente.

      1. Como escolher o psicólogo certo para lidar com traumas?
        Procure um profissional com experiência em lidar com traumas e que crie um ambiente acolhedor. A conexão e o vínculo com o terapeuta é essencial para o sucesso do processo.

      1. É normal sentir que a dor faz parte de quem somos?
        Sim, muitas pessoas sentem que a dor é parte de sua identidade. A terapia ajuda a integrar essa dor de forma saudável, sem deixar que ela domine sua vida.

      1. Quanto tempo leva para superar traumas emocionais?
        Não há um prazo fixo, pois cada pessoa tem seu ritmo. A terapia é um processo gradual e individual, focado no progresso, e não na pressa.

    Psicólogo em Vitória Lucas Protti
    Av. Des. Dermeval Lyrio, 621 – Sala 1
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